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Pica Peixe

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Pica Peixe

“O que queremos fazer na vida neste momento é concentrar a nossa energia na Pica Peixe!”

Quem são os responsáveis por detrás deste projecto? Qual a vossa história? Sempre viveram e nasceram aqui? Qual a vossa formação?

Pica Peixe: Os responsáveis pelo projeto são dois amigos que se conhecem desde sempre, criados em Pardilhó, uma vila com uma enorme ligação com a Ria de Aveiro.
A nossa formação não tem nada a ver com a génese da Pica Peixe. Fizemos percursos de escola distintos. O percurso profissional foi até hoje ligado à soldadura profissional, no caso do Paulo, e eu (Carlos) sou consultor informático.

Partilhamos uma visão da vida que nos levou a avançar com fé e paixão no projecto Pica Peixe, que surgiu de muitas conversas partilhadas durante as nossas surfadas e remadas!

A nossa formação tornou-se agora então mais auto didacta, com curiosidade e vontade de criar um processo de aprendizagem contínuo. Vai de encontro ao que nos apaixona, tempo para criar e proporcionar também emoções a quem nos visita e apoia. O que queremos fazer na vida neste momento é concentrar a nossa energia na Pica Peixe!

Pica Peixe é de facto um nome que prende a atenção. De onde surgiu a ideia para o nome? E quando é que decidiram sair da ideia para a prática?

Pica Peixe: Nós procurávamos nomes com uma associação forte ao meio natural e sem dúvida à Ria de Aveiro. Foi então que, entre várias hipóteses, apareceu a de Alcedo Atthis, nome científico para o Guarda Rios.

É uma ave que habita a ria e o baixo vouga lagunar e sempre foi um momento de alegria observar um raio azul (Guarda-rios) voar nos canais. Ao pesquisar a fundo, percebemos que Pica Peixe é um nome comum do Guarda Rios, e a escolha foi imediata e consensual!

Entretanto iniciámos a construção das nossas pranchas e remos com o objectivo de iniciar a atividade no verão. A partir desse momento começámos a preparar a divulgação das redes sociais, que íamos adiando, mas por força de um evento de birdwatching (Observaria) no esteiro de Salreu em que a imagem era um guarda-rios, tivemos que avançar e mostrar que a Pica Peixe existia!

Galeria

“Por gratidão, fazemos o possível para reduzir a nossa “pegada.

Quando é que perceberam que o caminho que queriam seguir e traçar para este projeto devia ter uma consciência mais verde?

Pica Peixe: Antes mesmo de iniciar o projeto essa consciência já existia. Sempre sentimos uma ligação grande com a natureza. Por gratidão, fazemos o possível para reduzir a nossa “pegada”.

A nossa relação com a ria existe desde a nossa infância. Não faria sentido implementar um projeto que não tivesse como grande pilar o respeito pela natureza e a nossa terra.

Existe a consciência de que é possível fazer muito mais e que devemos passar a mensagem à comunidade. Mas a mesma consciência existe relativamente à dimensão humana. A Pica Peixe pensa em contribuir desde o início, em sensibilizar a sociedade, passar valores, e fomentar a consciência ambiental.

Como é o vosso dia a dia? Estão ligados a 100% ao projecto ou têm outras ocupações e fazem deste um prazer paralelo?

Pica Peixe: É uma boa pergunta…

Atualmente como estamos fora de época e este foi o nosso primeiro ano, voltámos aos nossos trabalhos anteriores. Operacionalmente, cumprimos os objetivos a que nos propusemos.

Colocámos em funcionamento o projeto Pica Peixe e conseguimos estabelecer uma operação das nossas atividades. É claro que gerimos as expectativas e, como esperado, o retorno financeiro neste primeiro ano não foi significativo. Mas é o caminho normal de quem lança um novo projeto. Muito se aprende, mas muito mais existe para aprender! Continuamos a trabalhar para que o nosso dia a dia passe a estar sempre ligado à Pica Peixe.

Ainda se lembram da primeira vez que ouviram falar de Stand Up paddle?

Como surge a ideia de avançar para um projecto destes, desenvolvendo pranchas em madeira e mais ainda na ria de Aveiro, sabendo que Portugal talvez seja ainda pequeno, sendo que toda a indústria se acaba por concentrar em Lisboa e Porto?

Pica Peixe: Honestamente não me lembro quando foi a primeira vez que vi ou ouvi falar de Stand Up Paddle. Mas foi quase natural a nossa progressão para o SUP. Começámos a fazer canoagem por volta dos 10 anos e sempre foi natural para nós desportos com utilização de remo ou pagaia.

Mas depois, o nosso percurso profissional levou-nos a afastar um pouco da nossa terra e como consequência também da ria. Com o passar dos anos, ambos sentimos que gostaríamos de voltar a ter uma ligação à nossa terra e à ria de Aveiro.

Mais perto dos 30, começámos a fazer surf e foi o desporto que nos levou a cimentar mais a nossa ligação de infância e novamente com a água. Eu (Carlos) comecei a fazer pranchas de surf em fibra como hobbie para me desligar um pouco das tecnologias e acabei por fazer posteriormente um curso do David Weber de construção de pranchas de madeira em 2017 na Ericeira. Foi o click para a consciência de uma construção mais sustentável. Depois fizemos os dois outro curso complementar de construção de pranchas em madeira e como já andávamos pela Ria de SUP, surgiu a ideia dos passeios de Stand Up Paddle e também o birdwatching (já que o Paulo fotografa vida selvagem).

Sobre a questão dos grandes centros urbanos, as grandes cidades são favorecidas, talvez devido ao capital humano que possuem e à divulgação que os favorece. Mas o turismo é massificado e o nosso objetivo não é massificar…
Portugal ganha mais se as ideias deixarem de se concentrar nos grandes centros urbanos e os projetos conseguirem um equilíbrio, criando riqueza e adicionando valor no seu local e que cada região possa crescer por si. As pessoas precisam de vir para a natureza, remar e dar atenção às suas emoções, gerar bem-estar e sair das cidades.

É necessário tirar mais os sapatos e que se liguem à terra e aos elementos da natureza! Muitos entenderão o que queremos dizer…
Por essa razão quisemos partilhar com o mundo, o estado de espírito que sentimos quando remamos na nossa ria, e assim avançámos com a Pica Peixe!

Qual a vossa ligação pessoal à Ria e da marca Pica Peixe à Ria?

Pica Peixe: Na década de 80 a nossa geração ainda viveu através dos nossos avós a atividade remanescente da ria, a infância de quem tinha avós que ainda colhiam junco, moliço e erva dos brejos para o gado.

Nessa época os dias eram passados com os avós, as brincadeiras e as viagens de barco para as marinhas (ilhas da ria). A sensação de que o tempo se vivia com tempo… É essencialmente as memórias de infância que criaram laços fortes com a ria. Muito haveria por contar sobre essa história pessoal de ambos. Éramos meninos da ria e a infância marcou-nos tanto que a raiz permanece.

Seremos sempre homens da ria!

Falando agora mais em concreto da concepção das pranchas: – Afinal como é que se processa todo o desenvolvimento, desde as matérias primas, engenharia, tempo necessário, shape, ao test-drive na água de cada uma destas obras de arte?

Pica Peixe: Para o SUP, temos construído dois modelos “All-around” que usamos nos passeios. Um modelo de 200 e outro de 150 litros. Achamos que com estes dois modelos conseguimos oferecer qualidade e conforto a todos os que nos procuram. Sempre que possível, vamos construindo aqui e ali umas pranchas de surf e estamos a trabalhar na nossa primeira prancha de SUP Wave para a próxima época! Também existe alguma tecnologia na nossa construção! Sempre que iniciamos uma nova prancha, trabalhamos primeiro num software de modelação 3D para desenvolver a nossa ideia da prancha. O software dá-nos uma ajuda na modelação do esqueleto da prancha mas depois é tudo manual! Escolhemos as tábuas, colamos, prensamos, cortamos, lixamos… É um trabalho árduo e demorado. Estimamos que uma das nossas pranchas de SUP demore em média cerca de 150h.

Sentem que cada peça é única e não propriamente uma sequência em série de uma frota de pranchas? Na realidade é preciso alguma paixão e dedicação para dar forma a cada uma delas. Algum pormenor que possa ser diferenciado de prancha para prancha? Costumam numerar as pranchas?

Pica Peixe: Uma prancha de madeira Pica Peixe é única! É impossível construir duas pranchas iguais. As características, marcas e os nós da madeira dão uma singularidade a cada prancha que não é possível com outro material. É impossível imprimir um ritmo de construção em série! Mas conseguimos sim paralelizar a construção de diferentes pranchas, em diferentes etapas, o que nos permite maximizar o ritmo de produção. Mas o ritmo nunca é acelerado como a vontade de ter uma Pica Peixe!
Existem vários pormenores que gostamos sempre de ir adicionando e é claro que customizamos ao gosto do cliente! Não numeramos as pranchas porque não sentimos essa necessidade, mas conhecemo-las a todas! De momento estamos ainda a construir para os nossos tours, mas mesmo assim tentamos aceder aos pedidos de quem tiver interesse em ter uma prancha Pica Peixe.

Quantas pranchas a Pica Peixe conseguem produzir anualmente? Tudo aqui é hand made, existem muitos pedidos para ter uma prancha à medida? Quantos modelos e tamanhos são feitos na Pica Peixe? E por fim, quanto poderá custar uma prancha destas?

Pica Peixe: Neste momento fazemos os dois modelos de 200 e 150 litros e estamos a projetar um modelo de SUP wave. Se o nosso foco fosse só na construção a tempo inteiro, com o processo bem “oleado”, estimamos que conseguiríamos fazer em média umas 3/4 pranchas por mês (nas condições atuais). Mas o nosso foco principal é na organização de passeios na Ria de Aveiro de Stand Up Paddle e na lancha de madeira que adquirimos e que foi construída na nossa vila por antigos construtores navais. A construção de pranchas será constante, mas sabemos que será mais frequente na época baixa, onde conseguiremos dar maior resposta aos nossos pedidos e idealmente criar stock para disponibilizar na época alta. Chegar ao valor que pedimos por uma das nossas pranchas foi e é um exercício difícil… Cada prancha são muitas horas de trabalho e estamos então a estimar um “preço” para quanto custa o nosso trabalho… Esse trabalho que tanto nos custa… Neste primeiro ano definimos o valor de 1700€ e 1800€ (+IVA) para as pranchas de 150 e 200 litros respetivamente. Achamos que neste momento é um valor equilibrado, balanceado entre todos os nossos custos, mão de obra e uma perspetiva de investimento de fortalecimento da marca.

Menos é mais na Pica Peixe? Querem aumentar a vossa capacidade de produção, sabendo que podem surgir cada vez mais pedidos de pranchas, agora que estamos finalmente a tomar consciência de que o futuro do planeta depende de nós e da forma como gastamos e consumimos energias e matérias? Acrescentado ao facto de que a própria actividade de Stand Up Paddle tem estado a crescer bastante em termos de praticantes.

Pica Peixe: O comprador de uma prancha nossa é alguém com vontade de ter uma prancha única de madeira, que irá cuidar e também com a consciência do impacto reduzido que elas têm. Queremos que o nosso projeto seja sustentável, mas também que os nossos clientes saibam que a produção de uma prancha de madeira leva o seu tempo. É preciso calma para fazer uma prancha com boas energias!

Como é que se processa a vossa comunicação e marketing na forma de promover a marca Pica Peixe? Para além das pranchas, acabaram também por organizar passeios neste fantástico cenário que é a Ria de Aveiro. Sentem que este, é na verdade o habitat natural das pranchas Pica Peixe? Não se pode dissociar uma da outra, se por um lado temos a madeira no outro temos a água!

Até onde podem as pranchas Pica Peixe navegar?

Pica Peixe: O marketing e comunicação neste momento são feitos através de redes sociais, parcerias e publicidade física, mas vamos aperfeiçoando e dinamizando os procedimentos. Estamos a fazer um maior investimento na capacidade de chegar a mais pessoas e a tornar mais fácil os clientes reservarem connosco.

As mãos dos nossos antepassados viviam da construção naval, portanto madeira e água sempre foram uma forte referência para nós.
Essa identidade de alguma forma sempre esteve em nós, quer sejam raízes ou influências culturais. Portanto é inquestionável que as nossas pranchas nasceram para a ria de Aveiro. Mas também queremos ver mais pranchas nossas por essas águas fora! E porque “navegar é preciso” como os barcos que aqui nasceram e viajaram para o mundo, também nós e as pranchas da Pica Peixe anseamos pelo mesmo! Não pensamos muito nos limites do crescimento da Pica Peixe, pois podem de alguma forma limitar a nossa visão… Almejamos sim um crescimento sustentável, tanto na nossa operação como na componente empresarial. Queremos estar cá pra ficar!

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Perfil do Autor

Rui Magalhães

Rui é um criativo empresário e consultor. Trabalhou em marketing e vendas ligado ao mundo do surf durante vários anos, e mais recentemente em eventos e actividades turísticas no mundo do SUP. É o fundador e director geral do Portugal By SUP.

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