AVENTURA DOURO

Explorar: Diário de um Aventureiro

“Tinha conhecimento de travessias no Douro Nacional e Internacional por etapas ou faseado e comecei a motivar-me e mentalmente a planear a minha descida pelo Douro.”

Douro325 o que é, e de onde surgiu a ideia da Aventura

Comecei a remar no rio douro em 2016, na altura fazia Wakeboard. Achei interessante o SUP Paddle porque me podia deslocar a sítios de prancha sem precisar de 3ºs e a adaptação é relativamente fácil.
Na altura comecei a pesquisar longas travessias de SUP, quem as fazia e como as fazia, acabando por fazer a minha primeira longa travessia de 30km entre Amarante e Alpendurada em 2017 e fiquei apaixonado.
Tinha conhecimento de travessias no Douro Nacional e Internacional por etapas ou faseado e comecei a motivar-me e mentalmente a planear a minha descida pelo Douro. Contudo havia sempre um senão, as Barragens. Sabia das dificuldades que iria ter para as contornar e sem recorrer a terceiros mais ainda, mas a Aventura estava aí , descer o Douro desde Salto Castro até à foz do Douro sem recorrer a ajuda. 325km de remada e 42km a caminhar com a prancha, surge a ideia do DOURO325.

Planeamento e Treino

Remava com frequência durante o fim de semana em lazer com amigos na época de Verão e este ano quando planeei fazer o Douro comecei a treinar em Abril e descer em Julho. Ia para a água com qualquer condição meteorológica e elaborei um plano de treinos chegando a remar entre 3 a 5 horas diárias e ao fds fazendo treinos de 100km com barragens de modo a treinar o cenário mais real que iria encontrar.

Visitei algumas Barragens e estudei como subir e descer, contornando assim as mesmas sem uso a cabos ou cordas. Aqui tive a ajuda do Alfredo Almeida um entusiasta pelo Outdoor que já tinha feito o Douro Internacional em Kayak e facultou informação muito útil de onde deveria entrar e sair do rio pelas margens tanto Espanholas como as Portuguesas.

Maiores Dificuldades

Antes de começar tinha receio que esta Aventura terminasse no primeiro dia, pois tinha planeado que a Barragem do Picote fosse o principal desafio e como não iria recorrer a 3ºs e estava preparado para acabar, se não fosse possível.

Ultrapassei no primeiro dia, Mirando do Douro e Picote com problemas sim, mas com solução para os mesmos. Ao fim do primeiro dia estava exausto mas feliz porque começava a acreditar que seria tudo mais fácil.

Tinha em mente ultrapassar duas barragens por dia no Douro Internacional e uma por dia no Douro Nacional o que daria uns 40 a 45km diários. Seriam entre 10 a 12 horas por dia a remar.

Cheguei a empurrar a prancha durante 22km pelas estradas nacionais para contornar uma só barragem, por um lado servia para descansar o corpo da remada e tinha interações com a população local muito engraçadas.

Galeria

“Viajo sozinho desde miúdo. Já lá vão uns 30 anos, uns 30 e muitos países e 5 continentes, mas nunca me ensinaram a fazer tal coisa, não sei se o faço bem ou mal apenas sei que vou.
Como aprender andar, começamos a gatinhar a cair a levantar e quando damos por ela estamos a correr.
Ninguém nos ensina a andar, é algo que temos que ser nós a fazer, assim como viajar sozinho.”

Mindset – Disfrutar, disfrutar e estar grato.

Navegar no Douro Internacional é algo de fantástico, chamo de montanhas flutuantes à zona pelas escarpas acentuadas e sua beleza selvagem. Estar Grato por esta ali era o único pensamento que tinha.

Cheguei a beber durante 2 dias das suas águas pois foi numa altura de grande calor e tinha que estar sempre hidratado.
Com a entrada no Douro Nacional vieram também os ventos de frente que me impediam de progredir ao ritmo que vinha que era perto dos 5k/h.

Trazia uma mala e uma mochila, visto que acampava selvagem onde me parecia permitido. Trazia comigo tenda, fogão e um troley que me permitia empurrar a prancha nas estradas. Cheguei a dormir numa esplanada perto do rio sabor porque no jardim era proibido, nem sempre fácil mas sempre possível não tive problemas em montar tenda.

Ao 5º dia cheguei à Régua e o vento já não dava tréguas e resolvi que dali iria fazer directo remando durante a noite até chegar ao destino que seria a foz do Douro.
Entrei pelas 6 da manhã no rio perto de Rede, para a etapa final. Remar seguido trouxe outra adrenalina e motivação e sentia que estava muito perto de conseguir o que me tinha proposto.

Tive vento o dia todo, abrandando em Castelo de Paiva onde presenteie-me com uma refeição num restaurante, mentalmente já tinha acabado faltavam apenas 37km que seriam feitos à noite numa zona que conheço muito bem e que foram feitos com grande esforço mas com sabor a êxito.
Pelos posts que ia colocando nas redes sociais cheguei ao Freixo pelas 4:30 do dia 5 de Julho, e os últimos 7km foram inesquecíveis. O dia estava a nascer e via o Porto acordar com chuva e nevoeiro enquanto remava com todas as forças que tinha , o coração e alma estavam cheios e senti grande realização pessoal.

Dos feedbacks que tive existiu um que guardei e passo a citar:
“Muito bem Nuno, jornada memorável e experiência fantástica, deves ter navegado muito pelo “teu”interior“
Quando nos propormos a desafios estamos em constante dialogo com o nosso âmago. Esta aventura foi mais um dialogo só que pelo meio remei perto de 320km em Stand Up Paddle e caminhei 42km com a prancha sem uso de 3ºs em 6 dias e 22 horas. Nunca o fiz para ser o primeiro ou o mais rápido, apenas o fiz.

Tenho em mente mais aventuras em SUP, para 2022 tenho planeado descer o rio Tejo em território nacional e sonho um dia com a YUKON1000 no Alaska, pode acontecer em 2023, quem sabe ;-)

Nuno Miguel Maia – maianunophoto@gmail.com

Nuno, 43 anos de idade é natural da cidade do Porto e informático de profissão. Apesar da paixão pelo desporto e pelas diferentes actividades de outdoor, nunca se federou como atleta profissional. Desde o triatlo, bodyboard, trail, canyoning, escalada, montanhismo, natação, bike e agora Stand Up Paddle. A paixão pela aventura, começou aos 19 anos e muito por culpa do bodyboard que levou Nuno a começar a trabalhar para angariar dinheiro e poder surfar as ondas da Indonésia, desde então foi somando novos destinos. Algumas das suas referências passam por nomes do montanhismo nacional, como Paulo Roxo e Tânia Muxima e internacionais, Mike Horn e ainda Nuno Stru Figueiredo no Kitesurf.

“Mais do que viajar é preciso explorar.”

Vegan por convicção, Nuno mantém o seu espírito livre e sempre em busca de novas aventuras.

Superação dos limites e a descoberta de sítios novos, defende Nuno Maia.

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Perfil do Autor

Rui Magalhães

Rui é um criativo empresário e consultor. Trabalhou em marketing e vendas ligado ao mundo do surf durante vários anos, e mais recentemente em eventos e actividades turísticas no mundo do SUP. É o fundador e director geral do Portugal By SUP.

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